João Cardoso nasceu na localidade de Argea, em Torres novas, a 23 de Dezembro de 1947, apesar de apenas ter sido registado a 31 Dezembro do mesmo ano. Passo uma infância sempre em família, inicialmente no Entroncamento. O pai tinha uma indústria de serralharia e só com a aquisição de terrenos na aldeia é que se mudaram para Torres Novas. “Os meus pai tinham quintal, gado e tinha ir pastar as ovelhas. Na altura não havia eletricidade”.
Depois da escola primária, João Cardoso foi para a Escola Industrial de Torres Novas tirar o curso de formação de serralheiros, para ajudar o eu pai. Já em férias e em outros momentos oportunos ia ajudando o pai na serralharia, implementando sempre melhorias nas instalações. “Modifiquei as instalações e permitiu ter outros olhos e pensar na projeção de trabalhos com outra dimensão”. Ainda esteve cerca de dois meses e meio em Alverca, nas oficinas gerais de material aeronáutico, mas depressa regressou à serralharia do pai, onde fazia falta.
Seguiu-se a experiência do ultramar, e quando voltou desenvolveu bastante a empresa familiar. “Aumentamos em número de empregados, as instalações passaram a ter dois mil metros quadrados, com secção de decapagem e metalização para tratamento de superfícies. Nunca deixei de ser ambicioso, sabendo sempre até onde ir”. Entretanto, nos anos 80, começa a dedicar-se ao setor dos transportes, começando com cisternas e passando posteriormente para os transportes na área alimentar, com a Tracopol. A sua veia empreendedora nunca parou, abraçando anos mais tarde outro grande projeto: a Fábrica Torrejana.
A ligação à Torrejana já se fazia, efetuando a Tracopol serviços de transporte. Desta forma, a família Cardoso interessou-se pelo negócio e avançou para a compra da Torrejana. “Tínhamos um cliente, na área de óleos e azeites, que tinha falta de espaço de armazenagem e aproveitamos para alugar o espaço. Inicialmente, pensámos em relocalizar a Tracopol nas instalações da Torrejana, mas rapidamente começámos a estudar a hipótese de fazer aqui uma refinaria de óleos e azeites”.
O que seguiu? Toda uma pesquisa sobre o assunto. Partiram para Itália para conversarem com projetistas deste tipo de equipamentos. “Dessas conversas surgiu a hipótese de investirmos no biodiesel. Visitámos uma fábrica de biodiesel em Itália, e encomendámos o projeto para construirmos a nossa. O projeto chegou com algumas nuances que tivemos necessidade de alterar. A minha atividade profissional teve início na metalurgia e as alterações que fiz, nessa base, vieram acrescentar valor à instalação e ao projeto”, acrescentou João Cardoso. Assim se concretizou e, a Fábrica Torrejana serviu de modelo para a venda de 88 fábricas no espaço de um ano. A fábrica começou a funcionar a 100% em 2006, e foi a primeira fábrica em Portugal dedicada à produção de biodiesel.
João Cardoso sente-se realizado e orgulhoso, e não esquece que em criança apenas queria ter uma vida melhor que a dos pais, tendo sentido bastante as dificuldades que os seus progenitores passaram. Assume que os sonhos nunca acabam, e os seus, hoje, passam por ver uma continuidade dos seus negócios pelos seus filhos e netos. Tem, na sua vida, três elementos essenciais: não abusar do trabalho, da saúde e do crédito. Também faz sempre por trabalhar com pessoas credíveis, sérias e honestas. Ajuda sempre as instituições locais, como a Cáritas, hospitais e bombeiros. Para si, ser português é ser sério, ambicioso e generoso. Aos portugueses, deixa uma mensagem de positivismo: “que sejam saudáveis, amigos do próximo e partilhem alegria”.